sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Palavras

Depois de um longo tempo volto ao meu blog, não sei exatamente pra quê, nem por que, mas me senti hoje inspirado e com vontade de escrever.
Não sei como começar, mas bateu saudade das palavras, saudade das emoções, saudade até da saudade.
A mesmice anda me acompanhando sem dar trégua, sem me deixar respirar, ou melhor, me deixa respirar demais, me faz pensar demais, e agir de menos. Muito menos.
Certas vezes a solidão bate nossa porta, bate nosso peito, entra na nossa mente, aguça nossos pensamentos, chega ao ponto que não tem pra quem contar, pra quem conversar, e nem o porque desabafar. É então que você passa a procurar por papel, você passa a procurar por palavras, e devagar sua vida se torna um poema, um lindo poema. Ou quem sabe uma canção? Uma linda canção. Talvez apenas uma frase.
Em alguns momentos do dia você vê sua vida, ou pelo menos seu dia, como um texto, como uma oração, ou como uma palavra. Seja essa palavra sonho, seja essa palavra vida, seja amor, seja dor, seja sofrimento, seja o que for. Seja nada, ou talvez tudo, vai ver nem seja uma palavra, seja apenas o ponto. O ponto final do seu relacionamento, da sua amizade, ou o de exclamação da sua felicidade, da sua dor. Seja quem sabe o de interrogação? Da sua vida? Do seu futuro? O que fazer? Pra quê fazer?
Misturando palavras, pontos, sentimentos e um pouco de vontade você acaba se dando de frente com um espelho, que te reflete frente a um papel. Já ouvi muitas vezes pessoas falar que escrevemos aquilo que temos dentro do coração. Não sei como me definir hoje, talvez um dia em que eu esteja mais apaixonado? Pela vida? pelo meu emprego? pelo meu curso? pela minha namorada? ou quem sabe até pelas mesmices?

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Tarde demais

“♫ Toda vez que eu viajava pela estrada de ouro fino, de longe eu avist...”Essa era a música que tocava no alto falante do FIAT 147 naquele momento, até que uma carreta que fazia uma ultrapassagem perigosa pega o carro de frente.O velho de 80 anos dirigia e seu neto de 12 estava no banco do passageiro, o pobre garoto só ouvia o velho no meio das ferragens sem poder ajudar, aquele senhor de muitas rugas e aparência cansada ainda conseguia dizer algumas palavras:- Meu neto, nessa noite em que eu queria chegar em casa e encontrar a família reunida com aquele frango de molho e angu nos esperando, essa noite que eu queria abraçar minha mulher e tentar fazer amor a noite inteira, coisa que não faço há 20 anos, nessa noite queria dizer a meus 8 filhos como eles são importantes pra mim, nessa noite em que eu iria lhe ensinar a fazer um estilingue de verdade, e como eu menos esperava estou aqui preso entre as ferragens, você impossibilitado de me ajudar, e Deus encarregado de me levar. Saiba meu filho, que hoje talvez eu queria fazer muitas coisas que já não darão mais tempo, queria ouvir muitas coisas que palavras já não são suficientes pra preencher, queria dizer aquilo que hoje já sou incapaz de falar, nessa vida da gente aprendemos muita coisa, mas uma das principais é não deixar pra fazer amanhã o que pode fazer hoje, é fazer exatamente agora aquilo que planeja fazer depois. Aquele jovem apenas ouvia, com sua inocência se tornava incapaz de compreender certas lições de seu avô, porém algo ali te prendia, a lágrima que escorria sinalizava que poderia ser as ultimas palavras daquele velho.Com tantos cortes e dores, ele não poderia deixar de ensinar pra seu herdeiro o que precisou viver pra aprender, já com pouco ar e muita dor ele continuava:- é assim meu filho, tive uma vida muito sofrida, porém muito vivida, conheci muitas pessoas e tive muitos amigos, mesmo com a escassez de antigamente eu também tive “minhas” garotas, e não arrependo de nada que fiz até hoje, a não ser de quantas coisas eu deixei de fazer, eu tinha um amigo, o melhor que alguém podia ter, talvez por culpa minha hoje ele é minha maior saudade, eu tive a melhor sala de aula daquele tempo, sem saber o porque o que me restou foram apenas as fotos, vivi muitos amores, mas aprendi que o primeiro foi o que realmente eu nunca esqueci, e talvez tenha perdido por ter sido tão seco e orgulhoso, por ter visto apenas meu nariz quando na verdade eu teria que visto aqueles dois corações, tive um emprego digno mas quantas vezes eu preocupei mais com meu salário do que com meu bem estar, tive os melhores filhos do mundo, mas fui egoísta por nunca ter mostrado à eles o amor que tenho, fui um grande escritor, mas apenas meus cadernos viram minhas obras, tenho uma grande família mas apenas você saberá de tudo que aqui está preso. Estou indo querido, mas que fique essa lição, dê valor ao seu amigo, depois a seus 10 colegas, aproveite sua sala de aula, as fotos são muito pouco pra preencher um futuro vazio, viva intensamente o seu amor, ele é a pessoa que mais te quer feliz, conquiste seu dinheiro, mas não esqueça que ele não é a maior felicidade, e quando tiver seus filhos não esqueça de dizer que eles são as pessoas mais importantes de sua vida, e o principal, não espere um acidente pra poder ver o valor das pessoas que você realmente ama. FIQUE COM DEUS.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Um fim ...

5:45 da manhã, o despertador me acordou assustado, ao tomar banho mesmo na água quente eu sentia um certo frio, percebi que a chuva caía lá fora porém não trazia aquele frescor, e que o céu lindo de todas as manhãs estava coberto por nuvens, o que o deixava cinzento.
Na condução muitos demonstravam certa ânsia, afinal era último dia de aula. Desembarcamos, todos curiosos pra saber o resultado final, a alegria de muitos tentava esconder a mágoa de outros, mas ali no meio uma turminha sofria mais, as lágrimas pareciam escorrer, algo parecia ser mais forte que a dor da recuperação.
Eu caminhava sobre os amigos como se fosse à última vez, e realmente era, aquele dia que tanto esperei: o último dia de aula, o fim do terceiro ano, aquilo que eu esperava ser o dia mais feliz da minha vida se tornava o que mais doía.
Tudo já vivido passava na cabeça em questão de segundos, a primeira professora, o primeiro caderno, o simples alfabeto, cada colega de sala, cada futebol na educação física, cada paixão de sala de aula, e no último sinal você vê tudo acabando, tudo se tornando saudade, tudo se tornando lembranças.
Quantas vezes fomos obrigado a acordar cedo, talvez agora acordemos mesmo sem querer pra relembrar de cada segundo, muitas vezes reclamamos daquele professor chato, agora vamos arrepender pois teremos que seguir ordens de um patrão, aquele amigo que você furou frentinha na fila do feijão será substituído por um concorrente na fila de empregos, as notas que você perdeu em alguma matéria será trocada por percas na vida.
Ao sair daquela escola você nota que ela nem era tão feia quanto você pensava, que a direção e as professoras nem mereciam morrer como você desejava, que a dor de uma recuperação não se assemelha a essa dor de ver tudo acabar ...
O que resta é rezar à Deus, é encarar a vida, novos frutos virão, novas conquistas, novas saudades, novos amigos, porém NUNCA um novo pré escolar, uma nova oitava série, NUNCA um novo terceiro ano.
Que amanhã o dia volte a ter aquele sol, que as nuvens deixem espaço para aquele brilho, que o banho volte a esquentar como antes, que as alegrias sejam maior que qualquer lágrima, afinal é assim a vida, uma derrota hoje uma vitória amanhã, que essa não seja vista como uma derrota mas sim como a mais bela das vitórias.

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

♪ Até o Sol se foi !

Music: Até o Sol se foi!

A vida passa !
E eu não sei mais como caminhar !
O Sonhos morrem!
E meu destino não quer chegar !

Tudo bom que já passei
Todo caminho que caminhei
Servirá só pra lembrar

Todos sonhos que sonhei
Todos amores que amei
O tempo vai apagar

As bebidas que eu bebi
Toda vida que eu vivi
De nada irá servir

Momentos tristes...
...Felicidades.
“só saudades.

E agora?
O sol não quer nascer.
Há tanta vida lá fora.
E eu tentando me esconder.

Aparece! Querido sol.
Vem me fazer companhia?
Me empreste seu sorriso?
E leva contigo, essa madrugada fria!

domingo, 2 de novembro de 2008

Saudade !

como eu queria saber o que fazer da vida, como eu queria açodar e ter um projeto pronto, queria dormir e poder sonhar, na verdade só dormir bastaria.
Garotas não satisfazem mais como antes, agente aprende que qualidade vale mais que quantidade.
Baladas só interessam quando sabemos que vai ter alguém especial, beijos alheios não trazem o mesmo arrepio que apenas um abraço da pessoa que você ama lhe traz. Fazemos tudo pra agradar, as vezes nem somos notados porém aquele tímido sorriso já é o suficiente para satisfazer-mos.
Não sei mais o que pensar nem mesmo o que sentir, meu futuro não me pertence, meu destino me deixa curioso, meu passado é minha alegria.
Porque crescemos?
Porque as responsabilidades chegam?
Nada mais faz sentido fazia uns anos atrás, pensávamos que amigos eram pra sempre e que a vida seria um conto de fadas. Mas chega um dia que acordamos e vemos que a vida realmente começou, que nada é pra sempre, que os amigos só ficam os “verdadeiros” e que colegas... Ah colegas: ... - apenas saudades.
O que dói mais é pensar que um dia tudo será lembrança, até esse pedaço de papel ficará apenas guardado.
O que preencherá o espaço vazio no peito serão apenas fotografias, será apenas saudade, será rever seu ex-colega na fila do banco ou talvez na mesa de um bar. As canções compostas hoje, servirão para apagar uma mágoa amanhã, o vinho e o cigarro farão lembrar do seu primeiro copo e do seu primeiro trago na sua primeira rodinha de amigos.
Ao abraçar, beijar, transar com sua companheira irá refletir sobre seu primeiro beijo, sua primeira namorada, sua primeira noite de amor, mas vezes até arrependeremos-nos de algo que fizemos e com certeza do que deixamos de fazer.
Cada ano nessa vida será passado como a proximidade do fim da mesma. A velhice vai chegar, filhos e netos terão a idade que temos hoje, aí teremos o prazer de contar e mostrar tudo que vivemos, Um dia seremos apenas bons velhinhos, cabeça banca, barba não feita, um violão pendurado, e encima da mesa muitos texto, não como esse, eles retratarão tudo vivido e em um deles apenas belezas dessa vida, desde o primeiro passo dado até o dia que não consegui mais levantar, Em outro, a saudade, como a perda de seus colegas e a mote da inocência infantil

romA

São nem 6 horas da manhã, o café já está pronto, o sol ainda não nasceu, os pássaros ainda não acordaram, a cidade está começando a renascer, ainda há algumas estrelas no céu, e a rotina permanece intacta mais uma vez.
7:30, já dentro do Metrô rumo ao serviço, vejo uma garota, pele escura, cabelos pretos, seus olhos arregalados me olhavam de cima embaixo, sentei ao lado dela, na medida que a condução enchia agente trocava olhares, eu com meu terno e minha gravata, ela com seu short sua camisa e descalça.
Para o tempo passar mais rápido resolvi perguntar a ela seu nome, ela não me respondeu, porém me perguntou o meu, eu disse Célio Júnior, ela riu e perguntou o que eu fazia, espantado com a pergunta disse que era dono de uma empresa e resolvi descobri onde ela estudava, foi quando ela começou a falar de si mesma.
Com palavras mal expressadas e expressões tristes ela me dizia que seu sonho era ir a uma escola, que seu sonho era ter uma família, que sonhava em pelo menos conhecer uma fábrica, e mais, que já ficaria satisfeita apenas com um chinelo e um café da manhã.
Chegando a minha estação de embarque convidei-a para descer comigo e tomar-mos um café, ela com um olhar feliz aceitou, paramos na primeira lanchonete que vimos perguntei o que ela queria comer, ela pediu arroz e feijão, por ser muito cedo obviamente não havia nada disso pronto, então resolvi pedir um sanduíche, um extra Burg acompanhado de um copo de coca – cola.
cA expressão que se via no rosto dela é indescritível, parecia que era a primeira vez que comia na vida. Aquilo não me bastava eu precisava conhecer melhor aquela garota, liguei pra empresa e desmarquei a reunião das 9:00 horas.
Ao sair da lanchonete passamos num supermercado e comprei um chinelinho pra ela, saímos e sentamos num banco de uma praça um pouco deserta.
Eu me interessava cada vez mais por ela, em saber o que ela sentia. Ao sentar ela começou a me dizer sobre sua vida, me contou que sua família a abandonou aos 5 anos de vida, que vivia de esmolas, que já chegou a roubar, e mesmo com aquele ar de tristeza me falou que tinha consigo o que quase ninguém tinha. Ao me falar aquilo eu fiquei surpreso, não poderia imaginar o que uma criança de rua poderia ter de tão valioso assim.
Ela sorriu de um jeito meigo de modo que me convidasse ainda mais a ouvi-la, já em meu colo ela dizia:
- Mesmo com meus 9 anos eu já conheci muita coisa nessa vida, já conheci as drogas, conheci muitas pessoas, desde crianças a idosos, já roubei supermercados pra não dormir sem comer nada, sei que nada disse é certo, mas foi a única forma que encontrei de não morrer de fome, acordo talvez triste mas carrego no meu peito um sentimento um pouco raro, por mais carente e sozinha que eu esteja eu procuro admirar beleza do sol ao invés de reclamar calor que ele me traz, prefiro sentir o perfume da flor do que reparar o tamanho de seu espinho, descobri que é melhor sonhar com algo impossível do que perder o sono com preocupações, que é mais gratificante ter 1 amigo do que 10 colegas, que família é a coisa mais importante na vida e que ela é a coisa que eu sinto mais saudade, sabe Senhor ? as pessoas hoje valorizam mais o dinheiro que a si mesma, dão mais valor a um carro que a seu filho, do mesmo jeito que compram marcas acham que podem comprar amor. Eu queria muito poder ter o que comer todo dia, ter onde dormir toda noite, ter uma escola toda manhã, mas se a vida não me deu nada disso eu me contento com o que Deus me deu, ele me deu o amor!
Ao ouvir aquilo me bateu um arrepio, a consciência pesava cada vez mais, eu me importava muito mais com o dinheiro do que com meu próprio bem estar, dormia tarde e acordava cedo preocupado com os negócios, e talvez nunca tive parado pra sonhar.
Fiquei chocado com o que ouvi e a convidei para passar uns dias comigo, para ela ser o que me faltava dentro de casa, para ela preencher esse vazio que em mim existia, ela fez uma cara de missão cumprida, deu um sorriso tímido e complementou:
Na verdade eu queria muito, mas não posso existem muitas pessoas perdidas para conhecerem o amor, talvez ao se comoverem com minha história aprenderão o que seja amar.
Cada palavra dela me surpreendia ainda mais, porém não restava o que fazer, fui embora mas antes perguntei seu nome, ela disse que não sabia mas que alguém já lhe havia chamado de ROMA.
Fui embora com tudo aquilo na cabeça, observei que as flores realmente tinham algum perfume, que o sol realmente brilhava, que a lua trazia uma certa serenidade, com o tempo passei a observar que a vida é como o nome da garotinha, basta embaralharmos as letras e descobriremos o amor, que na maioria das vezes basta apenas viver pra encontrar a felicidade .